Qual a melhor maneira de viver em um mundo louco? Criando outro, onde tudo acontece como você quer!
E
é assim que Jeliza-Rose vive sua vida. Filha de pais dependentes
químicos e melhor amiga de várias cabeças de bonecas, ela transforma
vagalumes em fadas, trens em tubarões monstros e esquilos em seres
falantes. A leitura de trechos de Alice no País das Maravilhas de Lewis
Carrol no comecinho do filme, já nos dá uma mostrinha do está por vir. E
com a morte da sua mãe, Jeliza-Rose "desce pela toca do coelho" e já
não se garante mais uma história 100% verídica. Mas como dizer que não é
totalmente verídica se ela vive mais no mundo das próprias ideias do
que no chamaríamos de real?
O
diretor Terry Gilliam (o mesmo de "Irmãos Grimm") está de parabéns,
apesar das muitas criticas àlgumas cenas fortes do filme. Muitos dizem
que não é um filme feito pra criança, mas concordando com psicanalista
Bruno Betelheim e com o próprio diretor do filme, as crianças são fortes
e conseguem digerir e sobreviver aos desafios do mundo. É sobre essa
adaptação a um mundo cruel que o longa fala. Um dos pontos altos do
filme, é que não foi necessário o uso de grandes efeitos
cinematográficos para descrever o fantástico mundo de Jeliza-Rose
(magnificamente interpretada por Jodelle Ferland).
Outro
ponto engraçado é salientar que no mundo em que vivemos, os adultos
contam histórias para crianças. Nesse filme é Jeliza-Rose quem conta e
encanta com sua imaginação, milhares de adultos espalhados por todo o
globo. Todo o filme é feito de contradições o cruel e o fantástico, a
morte e a busca pela vida.
Foi uma
pena o filme não ter sido muito divulgado no Brasil, nem chegou nos
telões do Cinema, provavelmente pela sensibilidade exigida pelo público,
que deve despir-se de alguns valores adultos e assistir ao filme como
simples crianças!