A gente passa a vida com medo. Medo de morrer, de ficar tempo
demais no emprego errado, de não ter o colo dos amigos quando a gente
mais precisa, de não fazer as viagens dos sonhos, de não conseguir
comprar a casa própria, de não encontrar alguém para casar e ter
filhos.
De todos os medos, o que mais me aflige é o de não conseguir
amar. Porque vamos combinar: depois de um, dois, três corações
partidos, fica fácil pensar que nada vai dar certo, que as relações
viram DRs intermináveis que culminam em mágoas quase eternas.
Nos livros, nos filmes, nas músicas que a gente passa o tempo
todo lendo, vendo e ouvindo, todo mundo sofre por amor. E a gente acha
lindo, se identifica, quer viver aquela avalanche de paixão, de tesão,
de loucura.
Quando chega a vida real, ah aí, não: todo mundo quer o conto
de fadas. Quer encontrar no outro a imagem da perfeição, alguém sem um
passado que diga muito, alguém que mal tenha um presente ( só se for
com você) e cujo futuro esteja inevitavelmente atrelado ao seu e comece
a ser planejado imediatamente.
Não, gente, menos! É preciso entender que a gente é a soma de
tudo o que viveu, principalmente de tudo o que viveu com outras
pessoas. São as histórias de amor que deixam a gente do jeito que é: às
vezes mais madura, às vezes mais medrosa, às vezes mais otimista para
buscar de novo, mas sempre diferente e mais experiente.
O que a gente é hoje é o que importa. A gente faz o que pode _e, na maioria das vezes, é de todo o coração.
Para o fim do ano que se aproxima, eu e 90% da população já
começamos a fazer um balanço do que se passou. E cada vez mais acredito
que os pedidos-clichês são os que a gente realmente necessita: paz,
saúde e amor. Tudo para aguentar os furações. Afinal, por mais que o
medo insista em se instalar, ainda vale mais uma paixão louca do que um
coração congelado.
Textinho da Daniela Arraes, dona do Don't Touch My Moleskine.
Nenhum comentário:
Postar um comentário