sábado, 19 de maio de 2012

Para quem ama a lua.


Amar a lua é muito fácil. Ela aparece linda em quase todas as noites, distante e majestosa. Olhar para ela não dói como olhar para o Sol e o fato dela ser branca numa imensidão escura só destaca ainda mais a sua beleza. Às vezes, ainda aparece uma nuvem ou galhinho de árvore para dar aquele toque especial. Pois é, é muito fácil se apaixonar pela lua. 
Difícil mesmo é amar as pessoas. Diferentes a todo dia. Convivendo conosco, insistentemente interagindo e alterando nossa rotina, mostrando suas falhas. Nem se comparam com a Linda Lua lá em cima. Só que não percebemos quando a observamos é que ela também esconde algumas falhas. E não são poucas não. Enquanto as pessoas ao meu redor são um mundo de ideias e criatividade, nela não brota nem a pior das ervas daninhas. 
É muito fácil amar o belo à distância. Difícil é amar aqueles que nos cercam, que se mostram, que nos moldam, que nos transformam... E pra ser sincera, são as pessoas que eu amo. Não uma ideia, mas o real, o que eu posso sentir e tocar. Por mais que elas me decepcionem, eu as continuo amando. É, e eu já entendi que essas decepções só serviram mesmo para me tornar uma pessoa maior, algumas vezes, me fazem ser mais fechada, mas nada como uma imperfeiçãozinha vinda de outra pessoa para me tornar aberta novamente. Mas de uma coisa estou certa: Não pretendo ser ou interagir com pessoas assim, aparentemente perfeitas como a lua.

Ps. Não me contive e postei a velha e manjada foto da lua enormezona no meio do matinho com um laguinho refletindo, como todos os blogs bregas. hahahah

Como não amar uma cidade onde um Mc Donald's faliu?


Eu olindo, tu olindas, ele olinda. Nos domingos, nós olindamos.

Descobri que Olinda era verbo quando dei uma carona para o músico Erasto, irmão do percussionista Naná Vasconcelos. O irmão menos famoso do clã dos Vasconcelos escolheu a cidade alta para passar seus dias. Por lá escreveu o guia “das Olindas” que diz assim:

“Subi Mercado da Ribeira
Desci largo de São Bento
No largo do Varadouro
Na Praça do Jacaré

Afoxé, afoxé
Olinda mandou me chamar”

E, enquanto cantarolava no carro durante a carona, avisou: “pode me deixar nos Quatro Cantos mesmo, estou precisando Olindar”.

E como não amar a única cidade no mundo onde um McDonald’s faliu?

Olinda é mesmo uma cidade estranha. E isso me faz lembrar um causo, passado numa segunda-feira chuvosa num bar da cidade histórica. E esse conto, caro leitor, não se passou com a amiga da prima da minha sogra, não. Foi comigo mesmo que aconteceu, por isso posso atestar de pés juntos, a estranheza do acontecido.

Lá estávamos nós, amigos boêmios, numa festinha regada a jazz na sede da Pitombeira (bloco famoso nos dias de Carnaval). Entre uma música e outra, rolou um zum zum zum, à boca miúda, de que naquela mesma festinha estava Matt Dillon (ator famoso das bandas de Hollywood).

- Matt quem? É aquele que fez Supremacia Bourne?

- Não, é o do filme Crash, no Limite. Aquele do Oscar, pô.

Passada a confusão para diferenciar Matt Dillon de Matt Damon (americano é tudo igual) e Brad Pitt de Tom Cruise (que no calor na discussão, entraram na conversa sem ter nada a ver com o assunto), confirmamos a presença do famoso no local. Sim, era ele.

A notícia, que tinha potencial para se transformar em euforia, autógrafos e briga por fotos em qualquer lugar do mundo, parou por aí. É de Olinda que estamos falando, afinal de contas. Ninguém, repito, ninguém no recinto abordou o cara. Matt ficou lá; sozinho, carente.

O desprezo pelo moço chegou a tal ponto que ele teve que tirar fotos dele mesmo no balcão do bar. Deu até pena (dó, na linguagem do Sul, porque quem tem pena é galinha). Mas a atitude blasé dos olindenses dizia “Pra que Matt se a gente tem Erasto?”. Que mais além se transforma em “pra que McChicken, se aqui tem tapioca?” ou “pra que badalar, se a gente pode Olindar”?

O fato, meus amigos, é que Olinda não é uma cidade, é um estado de espírito. E ai dos turistas que passam rápido demais, tiram fotos demais, compram bugingangas demais e nem têm tempo de conjugar o verbo Olindar. Desses dá pena, de verdade.

Téta Barbosa dona do Batida Salve Todos