Ela girava nas tardes sobre os campos de margaridas
Girava nas colinas, nas folhas e nas nuvens
Entre as árvores, nos troncos, nas argilas
E quando estava na minha janela
Ela tocava na minha cortina e sorria.
E entrava por qualquer abertura que existisse
Pelo filete de luz, pelas páginas do livro que eu lia.
E dançava dentro da sua bolha transparente
E os seus cabelos espessos iguais a caramelos
Se torciam como barbantes numa lua distante.
E eu sorria porque ela sempre sorria
E depois ela sumia dentro da sua bolha transparente
E o sol se tornava uma laranja tristonha
Que parecia flutuar no mar.
Ela girava nas tardes sobre os campos de margaridas
Girava nos abacates, nas azeitonas e nos jenipapos
Entre os tomates, nos talcos, nas argilas.
E os seus cabelos espessos iguais a caramelos
Se torciam como barbantes numa lua distante.
E as crianças crescem e vêm outras crianças
E ficam no lugar das crianças que cresceram
Podemos sentir o passado engolindo o futuro
Estamos na cabeça da serpente
E a linha reta é o caminho mais curto entre dois pontos.
Esse poema eu ganhei ontem de um artista olindense... Infelizmente não sei o nome do autor, mas gostei do poeminha e do fato dele ter presenteado a mim e as minhas amigas com seus trabalhos.
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